O perigo do antissemitismo eclesiástico
O perigo do antissemitismo eclesiástico

O perigo do antissemitismo eclesiástico

Como alguém que vive em Israel há anos e tem dedicado a vida a estudar as Escrituras em suas línguas originais, a cultura bíblica e a história do povo de Deus, considero essencial que a Igreja dos últimos dias esteja atenta a certas questões que, muitas vezes, permanecem ocultas ou são tratadas com descaso. Uma dessas questões é o antissemitismo, não só aquele visível nos noticiários ou na política mundial, mas, infelizmente, também aquele que, de forma sutil, ainda resiste dentro de setores da Igreja.

Foi com esse olhar atento que li este artigo escrito pela pastora Fabiana Padilha, do grupo Atalaias Israel — uma reflexão séria e necessária sobre as raízes históricas e espirituais do antissemitismo, inclusive dentro da tradição cristã. É um texto que merece ser lido e refletido com humildade e temor, pois a Noiva de Cristo precisa discernir os tempos e se purificar de toda contaminação que a afasta do coração e da vontade do Pai.

Por isso, compartilho a seguir esse importante conteúdo, acreditando que ele contribuirá para abrir os olhos e os corações de muitos irmãos e irmãs. Que o Espírito Santo ministre a cada leitor.

Fabiana Padilha do grupo Atalaias Israel

O antissemitismo é o preconceito, discriminação ou ódio direcionado contra judeus. Surgiu há muito tempo, com registros de perseguições e hostilidades documentadas desde a antiguidade. No entanto, foi na Europa que o antissemitismo se consolidou, com expulsões e acusações infundadas, resultando no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo após esse período sombrio, o antissemitismo persiste em diferentes formas ao redor do mundo, representando uma triste realidade até os dias atuais.

Por que tanto ódio contra os judeus?

O ódio contra os judeus, conhecido como antissemitismo, tem raízes antigas e complexas. Historicamente, os judeus foram frequentemente vistos como “diferentes” devido às suas práticas religiosas, culturais e econômicas distintas, o que os tornou alvo de preconceito e discriminação. Além disso, fatores como inveja econômica, rivalidades políticas e teorias da conspiração também contribuíram para a disseminação do antissemitismo.

Ao longo da história, os judeus foram frequentemente bodes expiatórios para problemas sociais e econômicos, sendo culpados injustamente por crises políticas, econômicas e sociais. Isso levou a uma série de perseguições, massacres e expulsões ao longo dos séculos. Durante o período medieval, por exemplo, os judeus eram frequentemente proibidos de possuir terras ou exercer certas profissões, o que os levava a trabalhar em atividades comerciais e financeiras, criando ressentimento por parte da população não judia.

No século XX, o antissemitismo atingiu seu ponto mais extremo com o surgimento do nazismo na Alemanha, que culminou no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, quando seis milhões de judeus foram exterminados. Apesar dos esforços para combater o antissemitismo ao longo dos anos, ainda hoje persistem formas de preconceito e discriminação contra os judeus em várias partes do mundo, destacando a necessidade contínua de educação, tolerância e respeito mútuo.

Somos muito gratos a Martinho Lutero por sua contribuição para tradução das escrituras e também pela coragem na reforma.

Entretanto, importante mencionar que Martinho Lutero era antissemita e escreveu alguns livros sobre esse sentimento contra os judeus.

Sobre os Judeus e Suas Mentiras (do alemão Von den Juden und ihren Lügen) é um tratado escrito em Janeiro de 1543 pelo teólogo protestante Martinho Lutero, em que defende a perseguição dos Judeus, a destruição dos seus bens religiosos, assim como o confisco do seu dinheiro. Lutero se baseia no conceito germânico de liberdade, contra a imposição de se reverenciar líderes estrangeiros.

O antissemitismo foi uma prática presente na Igreja Católica durante séculos.

O antissemitismo cristão foi influenciado por diferenças teológicas, competição entre a Igreja e a sinagoga, e mal-entendido da cultura judaica
Na Idade Média, a Igreja Católica utilizou iconografia artística para estereotipar os judeus.

Na Renascença, pinturas popularizaram a retaliação contra os judeus.

O cristianismo teve uma relação turbulenta com o judaísmo que por vezes envolvia antissemitismo. Apesar dos primeiros Cristãos serem Judeus, atitudes antijudaicas começaram a desenvolver-se antes do fim do primeiro século. Atitudes antissemitas desenvolveram-se e os primeiros anos do Cristianismo e persistiram durante séculos, guiados por vários fatores incluindo diferenças teológicas, a evangelização cristã, entre outros.

Estas atitudes persistiram nos sermões, na arte cristã e nos ensinamentos populares de desprezo pelos judeus durante séculos. Em muitos países cristãos, isso levou a discriminação política e civil contra judeus, restrições legais, e por vezes a ataques físicos a judeus que em alguns casos levaram a emigração, expulsão, e mesmo com mortes.

É bastante provável que essa atmosfera antissemita – esse espírito de Hamã esteja no meio da Igreja, abastecendo os pensamentos e sentimentos profundos da igreja.

Tanto que vemos frequentemente alguns filhos de Deus se posicionando terminantemente contra alguns pontos de ensino, manifestando que a lei não é mais aplicada e que não se deve “judaizar” a igreja.

Flagrante pensamento antissemita, pois são realizados tais argumentos munidos de raiva e intolerância, ainda que de forma polida.

Não podemos negar que o cristianismo do Brasil veio carregado de antissemitismo e muçulmanizado, pela aversão aos judeus e pela orfandade existente, porque viver a paternidade de Deus não é apenas declarar “Vou deitar no colo do Pai”.

Paternidade é entender A VONTADE DO PAI.