A História de Purim é única e esta completamente relatada no Livro de Ester, que faz parte do Canon Sagrado da Bíblia. Ao contrário de todos os livros, neste, o nome de Deus é se quer mencionado, ele está invisível, porém a atuação do Deus Eterno, que é invisível, é sentida e visível em suas ações. No livro de Ester aprendemos que não basta falar de Deus, não basta crer em Deus, não basta confessar o seu nome, se não vivenciamos ELE em nossas vidas isso não tem valor real. Falar de Deus, crer nELE, confessar o seu nome, tem que se o resultado de uma convivência que temos com ELE e não ao contrário. Este estudo visa trazer um panorama desta história incrível descrita neste livro de forma singular e mágica.
A Festa de Purim: História, Significado e Tradições
Purim é uma das festas mais significativas e vibrantes do calendário judaico, celebrada com grande entusiasmo e alegria em todo o mundo. Comemorando a salvação do povo judeu da tentativa de genocídio planejada por Hamã, a festa tem suas origens no relato bíblico do Livro de Ester (ou Meguilá de Ester). Esta festa é mais do que um evento histórico, sendo também uma tradição repleta de simbolismos, costumes e significados profundos. Além disso, Purim reflete uma jornada de resistência, identidade e renovação para o povo judeu.
A Origem Bíblica de Purim
A história de Purim é narrada no Livro de Ester, um dos livros da Bíblia Hebraica. O relato se passa no Império Persa, durante o reinado do rei Assuero (provavelmente Xerxes I), por volta do século V a.C. Esse livro conta a história de Ester (Hadassah, em hebraico), uma jovem judia que, com a ajuda de seu tio Mordecai (Mordechai, em hebraico), conseguiu salvar os judeus do massacre planejado por Hamã, o alto oficial do reino.
O Desenvolvimento da História no Livro de Ester
A narrativa do Livro de Ester descreve como os judeus da Pérsia, que estavam sob o domínio de Assuero, enfrentaram uma ameaça de extermínio quando Hamã, o principal conselheiro do rei, conspirou para matar todos os judeus. Hamã ficou furioso porque Mordecai, um judeu que se recusou a se prostrar diante dele, não o reconheceu como uma figura de autoridade. Em resposta, Hamã convenceu o rei Assuero a emitir um decreto que ordenava o extermínio dos judeus em todo o império.
O Livro de Ester detalha como Ester, que havia se tornado esposa de Assuero, usou sua posição para interceder em favor do seu povo. Ela revela sua identidade judaica ao rei e denuncia as intenções de Hamã. Como resultado, Hamã é condenado à morte e o edito que ameaçava os judeus é revogado.
A história de Purim, então, é uma celebração da salvação, da coragem e da fidelidade ao povo judeu, além de simbolizar a reversão de um mal iminente para um bem eterno.
Personagens Principais e Seus Significados
Ester (Hadassah – הֲדַסָּה)
O nome Hadassah vem do hebraico hadas, que significa “mirto”, uma planta que simboliza beleza, paz e resiliência. Ester era uma mulher judia que, em um momento de grande risco, tornou-se rainha da Pérsia. Sua coragem em revelar sua identidade judaica e salvar seu povo é o ponto central da festa de Purim. A mudança de seu nome para Ester pode estar relacionada à palavra persa que significa “estrela”, refletindo sua luz e importância para a salvação dos judeus.
Referência bíblica: Ester 2:7 – “E ele [Mordecai] criara a Hadassah, que é Ester, filha de seu tio; porque não tinha pai nem mãe, e a moça era formosa e de boa aparência.”
Mordecai (Mordechai – מָרְדֳּכַי)
Mordecai, o tio de Ester, desempenha um papel crucial na história. Ele era um judeu que, apesar de sua posição no império persa, se manteve fiel a Deus e ao seu povo. Mordecai se recusa a se curvar diante de Hamã, um ato que desencadeia a ira do conselheiro e, em última instância, leva à tentativa de extermínio dos judeus. No entanto, sua persistência e lealdade se revelam decisivas para a salvação do povo judeu. O nome Mordecai tem raízes na palavra Marduk, o nome de um deus babilônico, sugerindo a conexão com as antigas culturas mesopotâmicas.
Referência bíblica: Ester 2:5 – “Havia, na cidade de Susã, um homem judeu, cujo nome era Mordecai, filho de Jaire, filho de Simei, filho de Quis, um benjamita.”
Hamã (Haman – הָמוֹן)
Hamã, o vilão central da história de Purim, foi um alto oficial do rei Assuero. Ele planejou a destruição do povo judeu após ser desonrado por Mordecai, que se recusou a se curvar diante dele. O nome “Hamã” pode estar associado à palavra hamon, que significa “multidão” ou “barulho”, refletindo sua grande ambição e desejo de poder. A queda de Hamã, que é enforcado na própria forca que havia preparado para Mordecai, representa a inversão do mal em bem.
Referência bíblica: Ester 3:5-6 – “Quando Hamã viu que Mordecai não se inclinava diante dele, nem o adorava, encheu-se de furor. Mas, tendo-lhe sido dito o povo de Mordecai, Hamã procurou lançar mão de uma maneira de exterminar todos os judeus que havia em todo o império de Assuero.”
Assuero (Xerxes I – אֲחַשְׁוֵרוֹשׁ)
Assuero, o rei da Pérsia, é uma figura histórica bem documentada. Embora o Livro de Ester não forneça muitos detalhes sobre sua personalidade, a figura de Assuero representa o poder absoluto que, embora vulnerável à influência de conselheiros como Hamã, também tem a capacidade de fazer justiça. Sua decisão de salvar os judeus, depois de ouvir Ester, mostra que o poder pode ser redirecionado para a justiça quando usado corretamente.
Referência bíblica: Ester 1:1 – “A palavra de Assuero, rei da Pérsia, que reinava desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias.”
Purim na História e Arqueologia
Embora o Livro de Ester descreva os eventos de forma rica e detalhada, não existem evidências arqueológicas diretas que comprovem a história de Purim. No entanto, a figura de Assuero é associada ao rei Xerxes I, uma figura histórica cujos feitos são documentados em várias fontes externas à Bíblia, como nas inscrições de Persépolis e nas histórias de Heródoto. A descrição do império persa, seu governo e suas relações diplomáticas com outros povos, como os gregos, são confirmadas por essas fontes históricas.
As pesquisas arqueológicas em locais como Persepolis e Susa, onde se localizavam os palácios reais da Pérsia, fornecem o pano de fundo histórico da época, embora não comprovem diretamente a narrativa bíblica. No entanto, a própria existência de um império tão poderoso e sua interação com diversas culturas são aspectos que ajudam a contextualizar o relato de Purim.
Como Purim é Celebrado Hoje
A tradição de Purim, embora com variações em diferentes comunidades, é celebrada com grande entusiasmo e envolve várias práticas importantes, que incluem:
- Leitura do Livro de Ester (Meguilá): A leitura pública do Livro de Ester é uma das principais tradições. Durante a leitura, os participantes fazem barulho sempre que o nome de Hamã é mencionado, simbolizando a rejeição ao mal.
- Matanot LaEvionim (Presentes aos Pobres): É uma mitzvá (boa ação) importante de Purim, onde os judeus doam dinheiro ou alimentos aos necessitados, garantindo que todos possam participar das festividades.
- Seudat Purim (Banquete de Purim): Uma refeição festiva com comidas e bebidas. A tradição sugere que as pessoas comem e bebem em abundância para expressar sua alegria pela salvação.
- Mishloach Manot (Presentes de Purim): Troca de cestas de alimentos entre amigos e familiares, reforçando os laços comunitários e a solidariedade.
- Trajes e Fantasias: As pessoas costumam se vestir com roupas coloridas e fantasias. Isso simboliza os disfarces usados na história, como o de Ester, que ocultou sua identidade judaica quando entrou no palácio do rei.
Conclusão
Purim é uma festa de profunda relevância histórica, cultural e espiritual. Sua origem bíblica no Livro de Ester, com seus personagens centrais como Ester, Mordecai, Hamã e Assuero, transmite uma mensagem de resistência contra o mal e afirmação da identidade judaica. Ao longo dos séculos, Purim se consolidou como uma celebração alegre e cheia de tradições que continuam a unir as comunidades judaicas ao redor do mundo.
Bibliografia
- A Bíblia Hebraica. Edição crítica. São Paulo: Sociedade Bíblica Brasileira, 2012.
- MAYES, Andrew D. (ed.) The Cambridge Bible Commentary: Esther. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
- HERÓDOTO. Histórias. Tradução de H. B. P. Azevedo. São Paulo: Editora 34, 2015.
- BARTON, John & MUDDIMAN, John. The Oxford Bible Commentary. Oxford: Oxford University Press, 2001.
- DAVIS, Thomas. The History of Xerxes. New York: Routledge, 1999.