Pessach – Páscoa Judaica e o significado especial da Matzá

Comemorar a Páscoa Judaica com pães ázimos é uma tradição profundamente enraizada na cultura judaica, e sua importância remonta aos tempos antigos, à época da libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme descrito no livro do Êxodo na Bíblia.

Os pães ázimos, ou matzot, são um elemento central na celebração da Páscoa Judaica, também conhecida como Pesach. Durante essa festividade, os judeus relembram a jornada de seus antepassados rumo à liberdade, quando, segundo a narrativa bíblica, não tiveram tempo para fermentar o pão antes de sua partida apressada do Egito. Assim, o pão sem fermento simboliza a pressa e a urgência da libertação, além de representar a humildade e a simplicidade.

A Páscoa Judaica no Cristianismo

No contexto do Cristianismo, a Páscoa Judaica também é significativa, pois Jesus celebrou a festa da Páscoa com seus discípulos antes de sua crucificação. Durante a Última Ceia, que ocorreu durante a Páscoa Judaica, Jesus compartilhou pão e vinho com seus discípulos, instituindo assim a Eucaristia, um dos sacramentos cristãos mais importantes. O pão ázimo utilizado durante a Última Ceia tem uma conexão simbólica com os pães ázimos da Páscoa Judaica, enfatizando a continuidade entre a tradição judaica e o cristianismo.

Em termos teológicos, Jesus é visto como o cumprimento das profecias messiânicas do Antigo Testamento. Ele é considerado o “Cordeiro de Deus”, cujo sacrifício é entendido como a libertação definitiva da humanidade do pecado e da morte. Nesse sentido, a celebração da Páscoa cristã está intrinsecamente ligada à Páscoa Judaica, pois Jesus é entendido como o sacrifício pascal definitivo.

Referências bíblicas sobre a Matzá

  1. Êxodo 12:1-20 – Descreve as instruções dadas por Deus para a celebração da primeira Páscoa no Egito, incluindo a ordem de comer pão sem fermento.
  2. Êxodo 12:34-39 – Narra a pressa dos israelitas em deixar o Egito, levando consigo apenas pães ázimos.
  3. Mateus 26:17-30, Marcos 14:12-26, Lucas 22:7-38, João 13:1-30 – Descrevem a Última Ceia de Jesus com seus discípulos durante a festa da Páscoa Judaica, onde ele institui a Eucaristia.

Jesus, o Pão e o Vinho

  1. Jesus como o Pão da Vida:Jesus frequentemente se autodenominou como o “Pão da Vida” durante seu ministério terreno. Essa metáfora é especialmente significativa quando ele partilhou o pão durante a Última Ceia. O pão é um elemento básico da vida, fornecendo nutrição e sustento. Da mesma forma, Jesus é visto como aquele que nutre espiritualmente e sustenta a vida espiritual dos crentes. Ele é a fonte de vida eterna e da graça divina. A conexão entre Jesus e o pão é enfatizada na Eucaristia, onde os cristãos acreditam que o pão consagrado se torna o próprio corpo de Cristo, alimentando os fiéis espiritualmente.
  2. Jesus como o Vinho da Nova Aliança:Durante a Última Ceia, Jesus também compartilhou o vinho com seus discípulos, referindo-se a ele como “o cálice da nova aliança em seu sangue derramado por muitos para remissão dos pecados” (Mateus 26:28). O vinho tem uma forte conotação simbólica na tradição judaico-cristã, representando a alegria, a comunhão e a celebração. No contexto da Eucaristia, o vinho é visto como o sangue de Cristo, derramado para a redenção da humanidade. Ele simboliza a aliança renovada entre Deus e a humanidade, baseada no sacrifício de Jesus. Assim como o vinho é derramado e compartilhado entre os fiéis durante a Eucaristia, o sacrifício de Cristo é compartilhado para a salvação de todos os que creem nele.

Portanto, Jesus é compreendido pelos cristãos como o Pão da Vida e o Vinho da Nova Aliança, elementos centrais na celebração da Eucaristia, que representam sua presença contínua entre os fiéis e seu sacrifício redentor. Esses elementos da Páscoa são fundamentais para a compreensão da fé cristã e para a experiência espiritual dos crentes.

Essas referências bíblicas destacam a conexão entre a Páscoa Judaica e a figura de Jesus como o Messias e Salvador, além de ressaltar a continuidade entre as tradições judaicas e cristãs.

Como preparar pães ázimos para a Páscoa Judaica, também conhecidos como matzá.

Ingredientes:

  • 500g de farinha de matzá (farinha de trigo especial para a Páscoa)
  • 250 ml de água morna
  • Uma pitada de sal (opcional)

Instruções:

  1. Pré-aqueça o forno: Aqueça o forno a uma temperatura alta, cerca de 250°C.
  2. Preparação da massa: Em uma tigela grande, misture a farinha de matzá com a água morna. Você pode adicionar uma pitada de sal, se desejar. Amasse a massa até que fique homogênea e suave.
  3. Divisão da massa: Divida a massa em pequenas porções, o tamanho vai depender do tamanho que você deseja para seus pães ázimos. Uma boa medida é dividir em bolas do tamanho de uma bola de golfe.
  4. Abra a massa: Usando um rolo de massa, abra cada porção de massa até que fique bem fina. A ideia é obter uma espessura uniforme, quase transparente.
  5. Fure a massa: Com um garfo, faça alguns furos na massa. Isso ajuda a evitar que ela inche durante o cozimento.
  6. Asse os pães: Coloque as porções de massa em uma assadeira ou diretamente na grade do forno. Asse por cerca de 2-3 minutos de cada lado, até que fiquem dourados e crocantes. Preste atenção para não queimá-los, pois o tempo de cozimento pode variar de acordo com a espessura da massa e a temperatura do forno.
  7. Resfrie e armazene: Deixe os pães ázimos esfriarem completamente antes de guardar em um recipiente hermético. Eles podem ser armazenados por vários dias.

E pronto! Você tem seus pães ázimos prontos para a Páscoa Judaica. Eles são tradicionalmente consumidos como parte das refeições durante a Páscoa, especialmente durante a ceia cerimonial, o Seder.

About the Author

Prof. Miguel Nicolaevsky

Miguel Nicolaevsky, nascido no Rio de Janeiro em 1969, é um pesquisador e historiador bíblico. Após uma carreira inicial em publicidade, imigrou para Israel em 1996. Lá, estudou programação e multimídia, alcançando cargos de destaque em tecnologia. Fundou o cafetorah.com em 2004 e posteriormente a Israel Agency. É autor de sete livros sobre judaísmo e lidera palestras no meio judaico messiânico. Reconhecido por sua expertise em arqueologia bíblica, história de Israel e hebraico bíblico, seu trabalho influente se estende globalmente, impactando milhões através de suas atividades online e colaborações com empresas de alta tecnologia.

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