Novos entendimentos revelados na Arqueologia Bíblica
A palavra “Gilgal” aparece 39 vezes na Bíblia, e em diversas dessas menções, parece se referir a um local de adoração, especialmente no Vale do Jordão, como descrito no livro de Josué. Por exemplo, em Josué 4:19-20, Gilgal é descrito como um lugar de memorial e de encontro para o povo de Israel após atravessar o Jordão:
Referência: Josué 4:19-20 – “Subiu, pois, o povo do Jordão no décimo dia do primeiro mês, e alojaram-se em Gilgal, do lado oriental de Jericó. E aquelas doze pedras, que tinham tomado do Jordão, Josué levantou-as em Gilgal.” (Almeida)
No entanto, em outros livros como Juízes e 1 Samuel, Gilgal é associado a outras regiões. No livro de Juízes (capítulo 3), o lugar aparece como um ponto de referência importante para o povo de Israel em diferentes contextos:
Referência: Juízes 3:19 – “Mas ele, tendo virado atrás de Gilgal, disse aos servos: Fica de pé aqui, e eu voltarei a ti.” (Almeida)
No livro de Amós, Gilgal parece ser referenciado como uma localidade de adoração nas regiões montanhosas de Efraim ou Manassés, possivelmente na Samaria. Em Amós 4:4, o profeta faz uma crítica aos israelitas que continuam em seus cultos e festividades religiosas, mas sem a verdadeira obediência a Deus:
Referência: Amós 4:4 – “Vinde a Betel, e transgridam; a Gilgal, e multipliquem as transgressões; e levem de manhã os vossos sacrifícios, e de três em três dias os vossos dízimos.” (Almeida)
Esse conceito de Gilgal como um local de adoração e transgressão é reforçado na crítica ao povo de Israel que, apesar de praticar rituais, não estava cumprindo com sua verdadeira responsabilidade espiritual.
No livro de Josué, Gilgal é especialmente significativo, pois foi onde o povo de Israel se estabeleceu após a travessia do Jordão. É aqui que Deus declara, por meio de Josué, a remoção do opróbrio do Egito (Josué 5:9), o que simboliza o início da posse da terra prometida.
Referência: Josué 5:9 – “Disse o Senhor a Josué: Hoje removi de vós o opróbrio do Egito. Por isso, o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até o dia de hoje.” (Almeida)
Por mais de 30 anos, durante as décadas de 70, 80 e 90, o renomado professor e arqueólogo Adam Zertal realizou uma das pesquisas científicas mais extensas já realizadas na Terra de Israel. Ele, como professor de arqueologia na Universidade de Haifa, dedicou-se a percorrer metro por metro a região montanhosa de Samaria. Zertal foi fundamental para trazer à tona novas informações sobre o contexto histórico e arqueológico do antigo Israel.
Quando encontrei o trabalho de Zertal, há cerca de 20 anos, fiquei impressionado com a descoberta de algo que poderia ser o altar de Josué sobre o Monte Ebal, uma localização que estava diretamente ligada à história da conquista de Canaã. Em Josué 8:30-31, lemos que Josué, após a vitória sobre Ai, construiu um altar ao Senhor no Monte Ebal:
Referência: Josué 8:30-31 – “Então Josué edificou um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado aos filhos de Israel, como está escrito no livro da lei de Moisés, um altar de pedras, sobre as quais ninguém alçou ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, e sacrificaram pacificações.” (Almeida)
Segundo Adam Zertal, uma grande construção encontrada sobre o Monte Ebal pode ser identificada como o altar de Josué, que foi ampliado cerca de 100 anos depois, possivelmente sob a direção de Débora, conforme sugerido em Juízes 4:4, onde Débora é descrita como uma profetisa e líder de Israel:
Referência: Juízes 4:4 – “E Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.” (Almeida)
As descobertas de Zertal acenderam uma grande curiosidade em mim, despertando uma ânsia por entender como a ciência tem revelado a autenticidade das Escrituras. Desde aquele momento, minha busca por mais conhecimento e atualização nesse campo nunca cessou, e me sinto compelido a divulgar essas informações preciosas. A descoberta do altar, por si só, foi uma das mais impressionantes realizadas no século XX, pois trouxe à tona evidências de um altar que remonta a mais de 3100 anos atrás, o que é, sem dúvida, um grande milagre. A longo prazo, isso valida a narrativa bíblica sobre o estabelecimento do culto a Deus pelos israelitas em Canaã.
Este artigo tem como objetivo ir além de simplesmente revelar os resultados das pesquisas do professor Adam Zertal. A intenção também é compartilhar com você algumas das riquezas espirituais reveladas por meio do estudo dedicado deste homem, que consagrou sua vida à investigação de uma região tão rica em história, geografia, arqueologia e, acima de tudo, acontecimentos espirituais. Tais descobertas nos mostram a fidelidade de Deus ao Seu povo e o cumprimento das promessas de posse e bênçãos registradas na Bíblia. Como está escrito em Deuteronômio 11:24, “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, será vosso”, algo que continua a ser celebrado e confirmado por cada descoberta arqueológica.
Referência: Deuteronômio 11:24 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, será vosso; desde o deserto, e o Líbano, desde o rio Eufrates, até o mar ocidental será o vosso termo.” (Almeida)
Gilgal não era apenas um local de adoração
Gilgal não era apenas um local de adoração, mas, pelo visto, havia pelo menos 7 setores como esse ao longo das duas descobertas de Adam Zertal. Como não estamos focados na questão arqueológica, e sim nos princípios espirituais revelados por meio de sua pesquisa, não entrarei em detalhes sobre todos os setores, mas me concentrarei em dois principais. O primeiro, e único em seu tipo, é o setor de adoração sobre o Monte Ebal, onde o altar de Josué e da profetisa Débora foram encontrados. Este altar foi o local onde, conforme descrito em Josué 8:30-31, o povo de Israel realizou sacrifícios a Deus depois da vitória sobre a cidade de Ai:
Referência: Josué 8:30-31 – “Então Josué edificou um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado aos filhos de Israel, como está escrito no livro da lei de Moisés, um altar de pedras, sobre as quais ninguém alçou ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, e sacrificaram pacificações.” (Almeida)
O outro setor é o Gilgal Argaman, localizado no Vale do Jordão, bem próximo do local conhecido como Adam, onde, segundo as Escrituras, as águas pararam para que o povo de Israel passasse (Josué 3:16-17):
Referência: Josué 3:16-17 – “As águas que desciam de cima pararam-se em um montão, muito distante, junto à cidade de Adã, que está ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar da planície, o mar Salgado, foram totalmente cortadas; e o povo passou em frente a Jericó. E os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor ficaram firmes, enxutos, no meio do Jordão, e todo o Israel passou a seco, até que toda a nação acabou de passar o Jordão.” (Almeida)
Visto que o meu objetivo aqui é revelar o segredo da posse da terra e das bênçãos celestiais, concentro-me mais na forma, nos eventos e nas práticas realizadas no Gilgal Argaman. Adam Zertal descobriu neste altar milhares de fragmentos de ossos de animais kosher, destinados aos sacrifícios, conforme descrito no Pentateuco. Estes sacrifícios são uma manifestação clara de adoração e consagração, como vemos em Levítico 1:3-4:
Referência: Levítico 1:3-4 – “Se a sua oferta for holocausto de gado, macho, sem defeito, a trará à porta da tenda da congregação, para que seja aceita perante o Senhor. E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, e será aceito para fazer expiação por ele.” (Almeida)
Os ossos foram encontrados junto com o altar, que está no centro de um setor construído com pedras que marcam a forma de uma pegada gigante. Essa forma só pode ser vista por um veículo aéreo, fotografia de drone ou subindo a montanha ao lado. Esta peculiaridade da forma foi um enigma para Zertal por muitos anos.
Além do altar de sacrifícios e dos ossos, foi encontrado um setor onde os animais eram colocados à parte antes de serem sacrificados. O muro ao redor não tinha como objetivo impedir a entrada das pessoas, mas demarcava uma área por onde elas faziam uma espécie de procissão, em torno do local sagrado, como vemos em Salmo 24:3-4, onde a caminhada ao local de adoração é retratada:
Referência: Salmo 24:3-4 – “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura com engano.” (Almeida)
Provavelmente, o Tabernáculo (Tenda da Revelação), descrito em Êxodo 40:34-35, estava também situado no local sagrado:
Referência: Êxodo 40:34-35 – “Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. E Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem estava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.” (Almeida)
A região é repleta de colinas ao redor do setor de adoração conhecido como Gilgal, o que permitia ao povo se posicionar como se estivessem em um anfiteatro, observando e celebrando as cerimônias que eram realizadas no santuário. Esse conceito de celebrar e participar do culto em comunhão está descrito em Salmo 95:6-7:
Referência: Salmo 95:6-7 – “Ó! Vinde, prostremo-nos e nos curvemos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, e nós o povo do seu pasto, e ovelhas da sua mão.” (Almeida)
Por muito tempo, Zertal não compreendeu a razão pela qual a forma de pegada ou de sandália era usada, mas, após suas descobertas arqueológicas no Egito, ele associou essa forma com outra descoberta no país. Nos escavações egípcias, foram encontradas sandálias dos faraós esculpidas em pedra, nas quais os nomes das cidades rebeldes eram gravados na parte inferior da sandália.
Para os egípcios, isso simbolizava que o faraó “pisaria” sobre essas cidades, conquistando-as, como descrito em Isaías 14:24:
Referência: Isaías 14:24 – “O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Certamente, como pensei, assim sucederá; e como determinei, assim se fará.” (Almeida)
As cidades que se rebelavam contra o faraó eram “pisadas” simbolicamente através dessas inscrições, representando a conquista e a submissão dessas cidades ao poder do faraó. Esse conceito de posse por meio do ato de pisar pode ser comparado com a expressão de Deus para Josué: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vos será dado”, conforme registrado em Josué 1:3:
Referência: Josué 1:3 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vos tenho dado, como eu disse a Moisés.” (Almeida)
Essa expressão, que Deus diz a Josué, se assemelha muito ao conceito egípcio de conquista e possessão de território. Adam Zertal entendeu que os hebreus compartilhavam essa ideia, mas, ao contrário dos egípcios, onde as cidades eram simplesmente “pisadas” para ser dominadas, os hebreus usavam as grandes pegadas construídas em locais sagrados como uma declaração de posse do território como pertencente a Deus. Assim, os Gilgais estavam, de certa forma, demarcando as áreas que Deus havia prometido como Sua posse, como está escrito em Deuteronômio 11:24:
Referência: Deuteronômio 11:24 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, será vosso; desde o deserto, e o Líbano, desde o rio Eufrates, até o mar ocidental será o vosso termo.” (Almeida)
Essa revelação trouxe à luz um aspecto profundo da fé e da adoração: se você deseja conquistar algo, precisa “pisar” sobre ele de alguma forma. Isso está alinhado com o conceito de possuirmos aquilo que Deus nos deu, seja uma terra física ou uma bênção espiritual. Em outras palavras, a posse espiritual é frequentemente precedida pela ação física de caminhar e ocupar a terra que Deus nos prometeu, como vemos na vida de Josué e na jornada do povo de Israel.
Além disso, há uma conexão mais profunda entre o significado de duas palavras em hebraico: Hag e Regel. Essas palavras, que aparecem frequentemente nas Escrituras, têm um papel importante nas festas e práticas espirituais do povo de Israel, especialmente em relação à peregrinação e adoração. Isso será explorado mais adiante, conforme nos aprofundamos no entendimento da prática espiritual de “pisar” nas promessas de Deus.
Regel, as pegadas ou pés da possessão
Tendo em vista esta excelente descoberta feita por Adam Zertal, voltei-me para as Escrituras e lembrei-me de um texto maravilhoso que revela um pouco desse conceito. Mesmo sem entender completamente a profundidade do que ele explicou, muitas vezes ele se referia a esses setores como “sandálias gigantes”. Foi então que, ao ler várias vezes o livro de Rute, cheguei à conclusão de que ali também podemos ver um segredo sobre o conceito das “sandálias gigantes”.
No livro de Rute, após o encontro entre Rute e Boaz, o descendente da tribo de Judá, Boaz promete agir de acordo com a Torá (Lei de Deus). Rute, que era casada com Malom, não poderia ser redimida a menos que houvesse um parente próximo de seu falecido marido que fosse o “remidor”. O remidor mais próximo, por algum motivo, não queria se casar com ela. No entanto, Boaz, que havia sido procurado por Rute, estava disponível e disposto a cumprir a Torá e o costume da época. Ele resolve agir de forma legal e de acordo com a tradição dos anciãos. Boaz então vai ao portão da cidade de Belém e solicita ao remidor anterior que ceda seu direito de casamento, despojando-se da sandália, como o costume exigia. Assim, ele recebe o direito de casar-se com Rute e de tomar posse das terras que eram de direito de Malom, o falecido marido de Rute.
Referência: Rute 4:7-8 – “Ora, este era o costume em Israel, no caso de resgatar e de permutar, para confirmar qualquer negócio: o homem descalçava o sapato e o dava ao seu companheiro; e isso era testemunho em Israel. Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-o para ti; e descalçou o sapato.” (Almeida)
Esse ato de retirar a sandália tinha um significado profundo, pois representava a transferência do direito de posse da terra e o direito de casamento, que é parte da continuidade da família e das bênçãos prometidas por Deus. Como vemos em Deuteronômio 25:5-10, a prática de redeemer (resgatar) tinha como objetivo garantir a continuidade da linhagem familiar:
Referência: Deuteronômio 25:5-10 – “Quando irmãos morarem juntos, e um deles morrer, e não tiver filho, a esposa do morto não se casará fora com homem estranho; o irmão do morto a tomará, e a tomará por esposa, e lhe fará o dever de irmão do morto. E o primeiro filho que ela gerar será chamado pelo nome do irmão morto, para que o nome dele não se apague de Israel.” (Almeida)
Voltando à questão da palavra Regel (רֶגֶל), tudo indica que o povo de Israel construía seus setores de adoração nessa forma, indicando que estavam declarando a posse da terra e das bênçãos prometidas por Deus através das cerimônias realizadas nos Gilgais. Essa prática teria um simbolismo profundo, de que o povo de Israel estava fisicamente “pisando” no terreno que Deus lhes deu, como vemos na promessa feita a Josué em Josué 1:3:
Referência: Josué 1:3 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vos tenho dado, como eu disse a Moisés.” (Almeida)
Esse conceito de “pisar” na terra não é apenas uma ação física, mas um ato espiritual de posse e compromisso com a terra prometida. O “pisar” simboliza o direito de conquista que Deus concedeu ao Seu povo, reafirmado nas práticas de adoração. Quando as estruturas de adoração eram construídas em forma de pegada ou sandália, elas representavam a posse da terra prometida. Como Deuteronômio 11:24 afirma:
Referência: Deuteronômio 11:24 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, será vosso; desde o deserto, e o Líbano, desde o rio Eufrates, até o mar ocidental será o vosso termo.” (Almeida)
Este conceito é um novo e profundo entendimento sobre o que significa a posse espiritual e física da terra. Por meio das construções de Gilgal, os israelitas estavam declarando e simbolizando que a terra era de Deus e, portanto, seria do Seu povo.
Junto a esse conceito de posse, surge também um novo entendimento relacionado com a palavra em hebraico Hag (חַג), que normalmente significa “festa”. No contexto das festas de peregrinação, a palavra Hag era utilizada para descrever as grandes celebrações em que o povo se reunia para adorar a Deus e renovar sua aliança com Ele, como vemos em Deuteronômio 16:16:
Referência: Deuteronômio 16:16 – “Três vezes no ano todo homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher: na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém ninguém aparecerá de mãos vazias perante o Senhor.” (Almeida)
Essas festas, nas quais o povo de Israel caminhava a pé até Jerusalém, também estavam relacionadas ao conceito de “pisar” no terreno de possessão e na reafirmação de sua herança divina. Cada uma dessas festas não só lembrava a libertação do Egito, mas também simbolizava a caminhada de fé e o compromisso com a promessa de Deus, conforme o povo se reunia para adorar e celebrar as bênçãos que receberam e continuam a receber.
Hag, não somente fetas, mas como festejar
A palavra Hag (חַג), que normalmente é traduzida simplesmente como festa, agora recebe um novo conceito. No contexto bíblico, a expressão Sheloshet Haregalim (שלושת הרגלים), que significa “as três peregrinações”, é comumente usada para se referir às três grandes festas do povo de Israel durante o ano: Pessach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos). No entanto, em hebraico moderno, utiliza-se a palavra Hag de forma mais geral, enquanto no hebraico antigo e bíblico, a expressão correspondente era Regel (רֶגֶל), que também significa “pé” ou “passo”. Até recentemente, não se sabia exatamente o motivo dessa mudança de expressão, mas, como foi mostrado pelas descobertas de Adam Zertal, uma explicação plausível é que essas festas eram celebradas em locais com a forma de pegadas ou sandálias. Ou seja, três vezes ao ano, todos deveriam ir ao local da grande pegada e celebrar a festa, ou seja, a Hag.
Referência: Deuteronômio 16:16 – “Três vezes no ano todo homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher: na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém ninguém aparecerá de mãos vazias perante o Senhor.” (Almeida)
Hag em hebraico significa contornar, dar a volta, mas ao mesmo tempo essa palavra também é utilizada para se referir a festa, ou Hagim (חַגִּים), no plural, que significa festividades. Isso não apenas indica o significado da festa, mas também como ela era comemorada. É importante lembrar que os setores descobertos por Adam Zertal tinham a forma de pegada, com um tipo de caminho demarcado por pedras para que as pessoas contornassem em volta do setor. Essa prática de contornar e celebrar é uma tradição que sobrevive até hoje, especialmente em uma festa chamada Simchat Torah, quando os judeus pegam um rolo da Torá e dão a volta na sinagoga, celebrando, cantando e festejando. Essa tradição preserva os elementos básicos de festividades praticados há cerca de 3100 anos atrás.
Referência: Levítico 23:39 – “No quinquagésimo dia, no mês sétimo, quando tiverdes feito a colheita da terra, celebrareis a festa do Senhor durante sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia será também um dia de descanso.” (Almeida)
Por incrível que pareça, esse tipo de festividade também era realizado na época de Jesus. Por volta de 2000 anos atrás, o povo de Israel costumava contornar Jerusalém antes de entrar na cidade para celebrar no Templo. Podemos associar isso também ao episódio de Neemias, quando ele contornou Jerusalém durante a reconstrução dos muros da cidade.
Referência: Neemias 2:13-15 – “E saí à noite pela porta do Vale, e fui para a fonte do Dragão e para a porta do Monturo, e examinei os muros de Jerusalém, que estavam derribados, e as suas portas que estavam queimadas a fogo.” (Almeida)
Quando queremos reformar uma casa, construir um muro ou planejar uma nova construção, a melhor forma é contornar e analisar todos os ângulos. Da mesma forma, as festas bíblicas marcam a renovação da fé em diversos períodos do ano. Elas foram criadas para lembrar ao hebreu da antiguidade a importância de adorar e servir a Deus. O contornar do santuário era uma forma simbólica de lembrar a posse das bênçãos eternas providas pelo Deus de Israel. Isso nos ensina lições valiosas sobre como tomar posse das bênçãos de Deus em nossas próprias vidas, seja em saúde, família, trabalho, ou outras áreas.
Referência: Deuteronômio 10:12 – “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas ao Senhor teu Deus, andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma?” (Almeida)
Parece que um conceito complementa o outro. Ou seja, não basta apenas ir ao local que você deseja conquistar ou comprar; você precisa conhecê-lo mais profundamente, e nada melhor do que contornar e verificar por todos os ângulos. Da mesma forma, as festas bíblicas têm o propósito de fazer com que o povo conheça e se identifique com o que Deus tem para eles. Esse processo de identificação gera uma conexão, que por sua vez conecta o corpo, a alma e o espírito à vontade do Deus Eterno. Assim, ao agir dessa forma, o povo de Deus está declarando de maneira prática o seu alinhamento com o Supremo.
Referência: Salmo 95:6 – “Ó vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.” (Almeida)
O texto agora está enriquecido com as referências bíblicas que ajudam a ilustrar os conceitos de Hag, contorno, e posse espiritual dentro do contexto das festas de Israel e suas implicações práticas para a vida dos crentes. Se precisar de mais ajustes ou mais referências, estou à disposição!
Lições para os nossos dias
lições bíblicas aplicáveis, com suas respectivas referências, que se baseiam nos temas explorados nos textos anteriores, como possessão espiritual, adoração, fé ativa, conquista espiritual e práticas de fé. Essas lições podem ser úteis tanto em estudos pessoais quanto em grupos de ensino, buscando aplicar os princípios espirituais nas vidas cotidianas.
1. A Importância de “Pisar na Terra” e Declarar a Possessão das Bênçãos de Deus
A descoberta de Adam Zertal sobre os Gilgal e as pegadas simbolizando a posse da terra traz uma lição sobre como, espiritualmente, devemos tomar posse das bênçãos que Deus prometeu para nós. Não é suficiente apenas sonhar ou orar por algo — é preciso agir, avançar, e declarar com confiança a posse das promessas de Deus.
Referência bíblica:
- Josué 1:3 – “Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como disse a Moisés.”
- Deuteronômio 11:24 – “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, será vosso; desde o deserto, e o Líbano, desde o rio Eufrates, até o mar ocidental será o vosso termo.”
Aplicação: Deus já nos deu promessas e territórios espirituais a conquistar, mas precisamos “pisar” neles com fé, buscando ativamente tomar posse daquilo que Ele nos destinou.
2. Adoração e Fé Ativa: Contornar os Setores de Adoração
O conceito de contornar durante as festividades hebraicas e como isso se relaciona à fé ativa nos ensina que nossa adoração a Deus deve ser ativa e envolver ação prática. Assim como o povo de Israel contornava o santuário em adoração, nós também devemos nos mover em direção ao que Deus tem para nós, adorando com nossos corpos, palavras e ações.
Referência bíblica:
- Salmo 95:6 – “Ó vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.”
- Hebreus 13:15 – “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.”
Aplicação: Nossa adoração a Deus não deve ser apenas de palavras, mas uma atitude diária de movimento e compromisso, celebrando e declarando as bênçãos de Deus ao redor de nossa vida.
3. A Importância de Conhecer a Terra Prometida Antes de Tomá-la
Antes de tomar posse das promessas de Deus, devemos conhecer bem o que Deus tem para nós e entender o que está envolvido. Não basta apenas um desejo de conquistar algo; é essencial que nos aprofundemos nas bênçãos que Deus quer nos dar e como Ele deseja que as recebamos.
Referência bíblica:
- Números 13:17-20 – “Moisés os enviou a espiar a terra de Canaã… e lhes disse: Subi por este caminho ao Neguebe, e subai à montanha…”
- Provérbios 4:7 – “A sabedoria é a principal coisa; adquire a sabedoria, e com todos os teus bens adquire o entendimento.”
Aplicação: Ao desejar conquistar algo em nossas vidas, seja uma bênção espiritual ou material, precisamos investigar e nos preparar adequadamente, assim como os espiões foram enviados a conhecer a terra prometida.
4. A Prática de Contornar como Símbolo de Consagração
Contornar não é apenas um ato físico, mas um símbolo de dedicação e consagração. Assim como o povo de Israel dava voltas ao redor do templo ou de Jerusalém, devemos consagrar nossos passos e movimentos a Deus em nossa jornada, buscando refletir o Seu poder e santidade em todas as áreas da nossa vida.
Referência bíblica:
- Filipenses 4:6-7 – “Não estejais inquietos por coisa alguma, antes em tudo sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e súplica, com ação de graças.”
- Romanos 12:1 – “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
Aplicação: Nossa jornada de fé envolve consagrar nossas ações e passos a Deus, reconhecendo que nossa vida é um sacrifício vivo em Seu altar.
5. A Importância de Passos de Fé na Jornada Espiritual
Ao longo da vida, muitos desafios exigem passos de fé. O conceito de “pisar” e tomar posse da terra envolve agir com fé, mesmo quando a terra ainda não está visível ou concretizada. Fé é agir no presente, confiando que Deus cumprirá as promessas.
Referência bíblica:
- 2 Coríntios 5:7 – “Porque andamos por fé, e não por vista.”
- Hebreus 11:1 – “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.”
Aplicação: Precisamos dar passos de fé em nossa vida diária, confiando que Deus nos conduzirá, mesmo quando não vemos toda a estrada à nossa frente.
6. A Revelação Espiritual nas Festas: O Caminho de Consagração
Assim como as festas bíblicas representavam um tempo de consagração e renovação espiritual, nossas celebrações também devem ser momentos de renovação da fé e afirmação das promessas de Deus. As festividades judaicas, como Pessach, Shavuot e Sucot, eram ocasiões de reafirmação da aliança com Deus. Do mesmo modo, nossas celebrações espirituais devem ser ocasiões de profunda comunhão com Deus.
Referência bíblica:
- Levítico 23:4 – “Estas são as festas do Senhor, santas convocações, que proclamareis nos seus tempos.”
- Neemias 8:10 – “E disse-lhes: Ide, comei carnes gordas, e bebei bebidas doces, e enviai porções aos que nada têm preparado, porque este dia é santo ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força.”
Aplicação: Assim como as festas bíblicas eram momentos para renovar a fé e celebrar as promessas de Deus, também devemos criar momentos de consagração e celebração em nossas vidas, para fortalecer nosso relacionamento com o Senhor.
7. A Necessidade de Cumprir o Propósito de Deus: Possessão Espiritual e Conquista
A construção dos Gilgal e as práticas de posse de terra ilustram a necessidade de cumprir o propósito divino em nossa vida. Deus deseja que tomemos posse de nossas bênçãos espirituais, mas isso envolve uma responsabilidade e um compromisso com os princípios de Deus.
Referência bíblica:
- 1 João 5:4 – “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.”
- Apocalipse 21:7 – “O que vencer herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.”
Aplicação: Devemos assumir uma postura de vencedores, caminhando com fé e comprometendo-nos com o propósito de Deus para a nossa vida. Cada passo de fé nos aproxima mais de herdar as promessas divinas.
Gostei muito de seu texto, principalmente sobre a fé ativa e tomar posse das bênçãos que Deus nos concede. Parabéns Miguel!